Como a queda nas tarifas de importação age

A demanda por importação, IMP, cresce com a apreciação da taxa de câmbio, e. A demanda por exportação, o oposto. A diferença entre exportações e importações, NX, depende da diferença entre a taxa interna de poupança e investimento, S-I. Se o governo diminui as tarifas de importação, torna mais barato importar na mesma taxa de câmbio, e isso desloca a curva IMP para a direita. Caso a perda em termos de arrecadação seja pequena, o impacto desta medida tanto na taxa de investimento I quanto na de poupança S será nulo.

Ou seja: a redução nas tarifas de importação não pode alterar a diferença entre exportações e importações. O que acontece é que, para manter o mesmo resultado anterior na conta corrente dado o aumento nas importações, M, o câmbio desvaloriza e o volume de exportações, X, cresce. Você destrói empregos em alguns setores, mas cria em outros.

Em suma, o resultado final de uma política de proteção comercial é diminuir as importações e as exportações. Ela não protege a economia interna, mas sim alguns setores às custas de outros. Uma política de liberalização comercial, pelo contrário, aumenta o volume total de comércio. Envolver-se com o comércio internacional é importante para os países, pois permite que eles se especializem em determinadas atividades e possam usufruir de retornos crescentes de escala, gerando ganhos de produtividade e renda.

Isto não quer dizer que dê pra remover todas as barreiras comerciais de uma vez. Movimentos bruscos na taxa de câmbio podem ser problemáticos para as empresas nacionais endividadas em moeda estrangeira. Além disso, por envolver realocação de trabalho e capital de um lugar da economia para outro, há um custo de transição no processo. Por isso, uma política de abertura gradual é preferível.

O que não dá pra continuar é o Brasil ser a economia mais fechada do G20 e com um dos menores volumes de comércio do mundo como fração do PIB.

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