O crescimento econômico de longo prazo só pode ser atingido pelo aumento contínuo da produtividade do trabalho. Nossos trabalhadores precisam ser capazes de fazer mais com menos; e desenvolvimentistas também concordam com isso.
Os fatores que determinam a produtividade do trabalho estão divididos entre estoque de capital (seja físico ou humano) e produtividade total dos fatores (PTF). A estratégia dos desenvolvimentistas se concentra em aumentar o estoque de capital, especialmente o estoque de capital físico, aumentando a taxa de investimento. Por isso a fixação deles em cima de juro e câmbio. O colateral negativo (que os desenvolvimentistas também admitem) é que esse aumento da taxa de investimento levaria a uma redução do consumo — e do salário real da população — no curto prazo.
O problema é que os trabalhos que analisam o potencial de crescimento da economia brasileira mostram que a maior possibilidade de ganhos de produtividade vem de uma melhora da PTF e não de um aumento da taxa de investimento. Essa simulação do Banco Mundial de um artigo recente deixa isso visualmente bem claro:
1) Aumentando a taxa de investimento em 4,5% e mantendo a PTF estagnada, teríamos um crescimento potencial um pouco maior (linha verde tracejada).
2) Elevando a PTF em 2,5% ao ano (que está estagnada há 30 anos) e mantendo a taxa de investimento estável, teríamos um crescimento potencial muito maior (linha rosa).
O que podemos concluir?
A prioridade brasileira deve ser elevar a PTF, não a taxa de investimento. Isso se dá, em geral, com melhora no ambiente de negócios, abertura, simplificação tributária, melhora no aparato regulatório, etc. O ganho de produtividade daí advindo, ao aumentar a renda, também aumentaria a propensão a poupar; e provavelmente levaria a um aumento na taxa investimento por inércia, gerando um crescimento econômico ainda maior que o simulado (o artigo também diz isso).
Essa paranoia desenvolvimentista com elevar a taxa de investimento, além de achatar o salário da população no curto prazo, tem um potencial muito menor de gerar crescimento econômico. Não parece a coisa mais inteligente a se fazer.
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