Qualquer um que já estudou as identidades macroeconômicas básicas se deparou com o fato de que a diferença entre exportações e importações é dada pela diferença entre a taxa de poupança e investimento interno. Ou, seja:
S - I = NX
Mas se isso determina a diferença entre importação e exportação no estado de equilíbrio, qual é o impacto das políticas de proteção? Basicamente, diminuir o volume total de comércio, tanto em importações como em exportações. Estas políticas podem ter efeito positivo de curto prazo na balança comercial, mas em pouco tempo este efeito é dissolvido pela valorização do câmbio.
O mecanismo é simples: quando protegemos o mercado interno, diminuímos as importações enquanto as exportações se mantém constantes, ou seja, elevamos as exportações líquidas por algum tempo. Ao elevar as exportações líquidas, que são um dos componentes do PIB, aquecemos a economia, e isto acarreta em pressão inflacionária, elevando a taxa de juro. O juro mais alto atrai capital externo e valoriza nossa moeda em relação às demais. Com a nossa moeda valorizada, nossas exportações vão se reduzindo até que o efeito inicial nas exportações líquidas seja totalmente perdido. Ou seja, o saldo comercial retorna ao que era, mas em um volume total de comércio inferior. Não nos “protegemos”, apenas nos isolamos do mercado externo.
O grande problema com este tipo de política é este afastamento das cadeias globais de valor. Países abertos, por importarem e exportarem em maior quantidade, podem se inserir no comércio exterior fazendo o que fazem bem. É um mecanismo que leva à especialização e ganhos mútuos entre as nações.
Abaixo, segue o gráfico de importação e exportação dos quatro Novos Tigres Asiáticos. Como fica evidente, estes países se inseriram durante as últimas décadas no mercado global, exportando e importando mais.
Enfim, não existe mágica. Quer que o Brasil exporte em maior volume? Libere as importações. As coisas sempre andam juntas.
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