Por que o juro no Brasil é tão alto?

O juro brasileiro é um dos mais altos do planeta por causa de várias distorções que, somadas, constituem uma anomalia sem igual no restante do mundo — uma jabuticaba. Quais os motivos disso? Alguns serão elencados abaixo.

1) Nossa população poupa uma parcela muito pequena de sua renda. Tendo-se menos dinheiro para emprestar, eleva-se o preço de emprestar dinheiro. Pressão sobre os juros.

2) O governo, apesar de ter realizado bons superávits primários nos anos 2000, sempre esteve em déficit nominal. Isto significa que um pedaço da nossa preciosa poupança está sendo permanentemente sugado pelo setor público. Isto também pressiona os juros pra cima.

3) Bancos públicos emprestam — e isso vem piorando — uma enorme parcela de todo o crédito da economia. Como grande parte deste montante chega ao mercado por fatores políticos, e não econômicos (empréstimos a juros subsidiados do BNDES, por exemplo), o restante da sociedade precisa pagar o preço para que a política monetária surta efeito. Mais pressão sobre os juros.

4) Pra fechar o show de horrores, nossa estrutura do mercado de crédito é altamente arcaica e burocrática. O resultado é pouca concorrência no setor financeiro, o qual passa a ter maior poder de barganha com o Banco Central e com os demais agentes privados. Resultado: juros nas alturas, principalmente para pessoas físicas e pequenas empresas.

Possíveis soluções

1) Incentivar a poupança privada, capitalizar ou privatizar a previdência, expandir o FGTS para grupos de maior renda e torná-lo flexível (o trabalhador escolhe o banco/agência que irá investir).

2) Como não há espaço para aumento da carga tributária, o foco deve ser na redução relativa das despesas (a despesa precisa crescer menos que o restante da economia). Assim o setor público dispensaria cada vez mais a poupança privada, sobrando mais crédito no restante da economia.

3) Restringir institucionalmente a ação dos bancos públicos aos paradigmas de mercado e em último caso privatizá-los. Restringir o crédito direcionado a obras fundamentais de infraestrutura a médias/pequenas empresas promissoras.

4) Reformar a estrutura do mercado de crédito de forma a facilitar a entrada de novos players (nacionais ou estrangeiros), conter a fusão bancária e combater a formação de cartéis.

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