Você sabia que os EUA acabaram de viver sua primeira década sem recessão (2010-2019) desde sempre? Em toda a história documentada que temos, desde meados do século XIX, essa é a primeira década completa que a economia americana inicia e termina sem 2 trimestres seguidos de queda do produto (definição de recessão). Se quisermos voltar ainda mais para conferir as estimativas menos confiáveis que remontam o século XVIII, o resultado é o mesmo. Não só isso: as recessões parecem também estar ficando mais curtas.
A crise de 2008, maior da história recente dos EUA, levou a 18 meses de contração do PIB (pico ao vale). Já na crise de 1929, muito mais aguda, foram 43 meses. Parece muito, não? Mas a recessão documentada mais longa da história dos EUA não é nenhuma das duas: é o pânico de 1873. Foram 65 dolorosos meses de redução da atividade. Até outras crises menores durante o século XIX foram absurdamente longas para os padrões atuais, como a de 1882 (38 meses). As estimativas de profundidade da queda são menos confiáveis do que as de duração, porque os instrumentos de medição do PIB foram desenvolvidos em tempos relativamente recentes, mas se quisermos comparar usando os dados disponíveis, chegaremos à conclusão de que as recessões do século XIX eram, além de mais longas, em média também mais profundas.
A perspectiva marxista ou austríaca (TACE) de que a economia estaria se tornando progressivamente mais instável (por motivos diferentes) parece não se encaixar muito com o que temos de dados à disposição. Na verdade, aparentemente é o oposto: a economia estaria se tornando progressivamente mais estável.
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