Este um milagre econômico de fato e não “apenas” um boom econômico, merece lugar de destaque na história por não apenas ter sido o período de recuperação da economia italiana durante o pós-Guerra, mas também por ter sido o período que possibilitou e pavimentou a transformação da sociedade italiana durante a segunda metade do século XX.
Vindo de um pós-Guerra traumatizante e instável, a Itália passava por um período de luta pela estabilização política e econômica, uma vez que em 1946 os italianos haviam escolhido a República como forma de governo e eleito uma maioria de esquerda para a Assembleia Constituinte.
Apesar da maioria de esquerda no parlamento, foi um católico fervoroso de centro que conseguiu unir as mentalidades e os partidos políticos da época. Seu nome era Alcide de Gasperi, um democrata-cristão que se esforçou para unificar a política italiana.
Buscando uma política econômica que atendesse os interesses da população italiana mais pobre, Alcide de Gasperi lançou diversos programas sociais voltados para a população do sul da Itália (que na época representava a maior parte da população carente), como o “Plano Fanfani” (reforma habitacional), a “Legge Stralcio” de 1950, que visava uma distribuição de terra pertencente antes a latifundiários (reforma agrária) e a “Legge Vanoni” de 1951, que inaugurou a ideia de tributação progressiva na Itália (reforma tributária).
Sucedido por Giuseppe Pella em 1953, Alcide de Gasperi viria a morrer em 1954, ainda no início do Milagre Italiano. Giuseppe, que havia sido ministro do tesouro italiano em diversas ocasiões, intensificou o foco na austeridade e na questão monetária ao ponto de surpreender até mesmo visitantes americanos que ficaram chocados com o fato do governo italiano ter usado a maior parte da ajuda americana para equilibrar balança de pagamentos e estabilizar sua moeda, contrariando então a ideia de uma reconstrução literal através de enormes obras e investimentos públicos gigantescos.
As bases macroeconômicas e fiscais lançadas pelos governos dos primeiros oito anos da República da Itália permitiram que o povo italiano experimentasse uma transformação em seu país, pois foi durante este período que a Itália deixou de ser uma nação majoritariamente agrária e subdesenvolvida para se tornar uma nação industrializada, desenvolvida e com destaque mundial.
Para que se tenha uma ideia em números, a Itália experimentou uma taxa média de crescimento do PIB de 5,45% a.a. entre os anos 1951-1973, uma média de crescimento anual de 4,78% no número de empregados entre os anos de 1951-1973 e ainda um invejável crescimento do PIB real per capita. A visualização dos dados é possível de ser feita nas tabelas e gráfico abaixo:
Tabela dos principais indicadores econômicos italianos.
Tabela de crescimento dos índices de ocupação, por setor de trabalho.
Gráfico do PIB per capita real italiano (1950-1975).
Através das imagens e informações acima, notamos que o Milagre Italiano foi na verdade fruto de um árduo esforço da Geração Silenciosa Italiana e de seus governantes, que em conjunto lançaram as bases econômicas, políticas e institucionais para uma Itália próspera e sólida, rompendo assim com o passado fascista e ditatorial de sua própria nação.
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